Rangel: "Mudança permanente de liderança afetou ânimo da IL"

Miguel Rangel considera que o partido “nunca perdeu a sua irreverência”, após vários dirigentes liberais terem pedido “mais irreverência”. Numa entrevista ao Observador na Convenção da Iniciativa Liberal, o secretário-geral cessante rejeitou que exista pouco entusiasmo à volta da próxima líder da IL.

“As pessoas estão desgastadas desta mudança permanente de liderança, que afetou o ânimo da Iniciativa Liberal.” Rangel diz que sente um “grande apoio” à Mariana Leitão, que fez o percurso completo no partido, desde militante de base. Questionado sobre a desunião no seio da IL (a moção de Leitão chama-se “A liberdade que nos une”), Rangel diz que “os liberais estão sempre em desacordo uns com os outros”.

O presidente interino da IL, que está de saída da direção do partido, disse “todos os presidentes trouxeram algo de novo” ao partido. Explicou também qual é a posição da direção em relação ao Presidente argentino: “Não tem a ver com Javier Milei, tem a ver com as ideias liberais.” As reservas que existiam antes em mostrar o apoio ao argentino “eram pelo culto da personalidade, esse culto nós não praticamos”.

Miguel Rangel afirmou que, até agora, não há “qualquer candidato liberal” na corrida presidencial e que João Cotrim de Figueiredo “cumpriria as características” de uma candidatura liberal a Presidente. “O primeiro requisito de um candidato é querer sê-lo”, disse o presidente interino do partido, acrescentando que Cotrim é “um excelente candidato e do melhor que a IL tem”. Caso for declarado o apoio partidário dos liberais ao atual eurodeputado, Miguel Rangel será a favor desse apoio.

“Pode sempre ambicionar essa meta, mas não conhecemos todos os candidatos. Considero João Cotrim de Figueiredo um dos melhores políticos da atualidade”. Miguel Rangel afirmou acreditar que o antigo líder consegue “reunir muitos apoios fora da IL”.

Sobre as próximas eleições autárquicas, Miguel Rangel disse que, em caso de vitória da coligação liderada por Carlos Moedas em Lisboa, a Iniciativa Liberal vai “ficar à frente do CDS na exigência programática”. O presidente interino do partido não revelou se os democratas-cristãos estão melhor posicionados nas listas de candidatos à maior autarquia do país, mas avançou que a IL vai liderar candidaturas da coligação a juntas de freguesia lisboetas.